O G10 Bank inaugurou sua primeira agência física em Paraisópolis (São Paulo), promovendo apoio aos empreendedores locais e a digitalização financeira. Com 50% dos moradores de favelas operando negócios próprios, o banco, criado pelo grupo G10 Favelas, busca investir diretamente nesses espaços, aproveitando um poder de consumo anual de R$ 167 bilhões.
O presidente do banco, Gilson Rodrigues, planeja abrir mais quatro agências em favelas de diferentes estados, fornecendo crédito e beneficiando cerca de 200 empreendedores com R$ 1 milhão em microcréditos, além de promover a educação financeira nas comunidades.
O banco recebeu diversos prêmios, incluindo o Prêmio Banking Transformation e o Prêmio Inovação de Mercado em 2023, além de participar de iniciativas como o Desafio Microcrédito do BNDES e o Lift Lab do Banco Central e Fenasbac.
Confira a entrevista com o presidente do G10 Bank e conheça mais sobre essa iniciativa:
Fonte das imagens: fotografias de Alexandre Battibugli/Divulgação
Como surgiu a ideia de fundar o G10 Bank e qual foi o principal impulso por trás desse empreendimento comunitário?
A ideia de fundar o G10 Bank surgiu da necessidade de fornecer serviços financeiros adequados e acessíveis às comunidades das favelas, impulsionando assim o desenvolvimento econômico e social dessas áreas. O principal impulso por trás desse empreendimento comunitário foi criar uma instituição financeira que entendesse e atendesse às necessidades específicas das comunidades marginalizadas, oferecendo soluções financeiras inclusivas e orientadas para o impacto social.
Como o G10 Bank está contribuindo para promover a economia solidária e cooperativa em comunidades como Paraisópolis?
Através da oferta de serviços financeiros que apoiam e fortalecem iniciativas empreendedoras locais. Nós fornecemos crédito acessível, orientação financeira e capacitação para os empreendedores, incentivando práticas de cooperação e colaboração entre os membros da comunidade para impulsionar o desenvolvimento econômico conjunto.
Quais são os critérios utilizados pelo G10 Bank para selecionar os empreendedores locais que recebem crédito e apoio?
Os critérios incluem a viabilidade do negócio proposto, o impacto social potencial, o compromisso com princípios de cooperação e solidariedade, além do histórico de comprometimento com a comunidade. Procuramos identificar empreendedores que demonstrem potencial para criar empregos, fortalecer a economia local e promover o desenvolvimento sustentável da comunidade. A seleção acontece por meio do comitê de crédito, que é formado por moradores denominados como presidentes de rua, que conhecem a realidade da comunidade.
Cite um exemplo de um empreendedor apoiado pelo 10 Bank que alcançou sucesso significativo em sua comunidade.
Um exemplo é o caso do Giva Pereira, fundador da Favela Brasil Xpress, uma empresa de logística voltada para a favela. Com o apoio financeiro e orientação do G10 Bank, ele expandiu sua operação, criou empregos locais e implementou o sistema de logística na última milha, beneficiando a economia da comunidade.
Como o G10 Bank está enfrentando desafios comuns enfrentados por instituições financeiras convencionais?
O G10 Bank enfrenta desafios, como acesso limitado a capital e regulamentações governamentais. Mas o que nos difere na nossa abordagem é priorizar o impacto social sobre o lucro e adaptar nossos serviços financeiros para atender às necessidades específicas das comunidades das favelas. Além disso, trabalhamos em estreita colaboração com organizações locais e líderes comunitários para identificar e resolver os desafios únicos enfrentados pelas comunidades marginalizadas.
A principal característica é ser um banco presente na comunidade, da comunidade para a comunidade, e indo na contramão do que os grandes bancos têm feito. Nós abrimos agências percebendo que o nosso público está culturalmente acostumado a ter acesso direto ao gerente, a estabelecer confiança, e assim, ter acesso aos serviços e produtos.
Qual é a visão do G10 Bank para o futuro e como ele espera expandir seu impacto na promoção da economia solidária e da justiça financeira em outras comunidades?
A visão do G10 Bank para o futuro é expandir esse impacto para outras comunidades, tanto dentro quanto fora das favelas. Esperamos alcançar isso ampliando nossa rede de serviços financeiros inclusivos, fortalecendo parcerias estratégicas com organizações governamentais e não governamentais e compartilhando nossas práticas e experiências bem-sucedidas com outras instituições financeiras e comunidades em todo o Brasil.
