Economia Solidária, uma alternativa para o desenvolvimento local e nacional

O fortalecimento da economia solidária está ganhando espaço na agenda nacional, com novas iniciativas e o retorno de políticas que visam democratizar o acesso ao crédito, estimular o desenvolvimento local e fomentar a cooperação entre trabalhadores. Com a reinstalação do Conselho Nacional de Economia Solidária e a organização da 4ª Conferência Nacional de Economia Solidária para abril de 2025, o Brasil deu um passo fundamental para estruturar um novo modelo de crescimento baseado no trabalho associativo e nas finanças solidárias.

A 4ª Conferência Nacional de Economia Solidária

Publicada no Diário Oficial da União (DOU) abril, a Portaria nº 519 do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) convocou a conferência para debater a construção de territórios democráticos por meio do trabalho cooperativo. O evento vai fornecer subsídios para a elaboração do 2º Plano Nacional de Economia Solidária, retomando uma agenda interrompida desde 2018. O Secretário Nacional de Economia Popular Solidária, Gilberto Carvalho, enfatizou a importância da iniciativa: “Nesse 2º Plano vamos definir o tipo de formação para esses trabalhadores, o tipo de crédito e financiamentos para esses empreendimentos”, informou ele, em reportagem publicada no site do Ministério do Trabalho e do Emprego.

Atualmente, o Cadastro Nacional de Economia Solidária (CADSOL) conta com 20.670 empreendimentos desse tipo no Brasil, envolvendo mais de 1,4 milhão de trabalhadores. A institucionalização da economia solidária é um dos principais temas em pauta, com a possibilidade de torná-la uma política pública permanente.

Bancos comunitários e moedas sociais: ferramentas de desenvolvimento

Uma das estratégias centrais para impulsionar a economia solidária é o fortalecimento das finanças solidárias, como bancos comunitários e moedas sociais. Em recente Encontro de Novos Prefeitos e Prefeitas, Fernando Zamban, Diretor de Parcerias e Fomento da Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes), destacou a importância dessas ferramentas para o desenvolvimento local.

Zamban explicou que os bancos comunitários foram criados por organizações populares para atender regiões onde o sistema financeiro tradicional não chega. Com quatro pilares – bancos comunitários, moedas sociais, fundos solidários e cooperativas populares de crédito – o Sistema Nacional de Finanças Solidárias está sendo estruturado para facilitar a distribuição de benefícios sociais por meio dessas instituições.

Experiências locais de sucesso

O Banco Palmas, primeiro banco comunitário do Brasil, é um exemplo bem-sucedido desse modelo. Desde quando foi criado, a sua moeda social fortaleceu a economia local, inspirando outras iniciativas. Atualmente, o Brasil conta com 182 moedas sociais em circulação, impactando 250 mil pessoas e 25 mil comércios. Entre 2021 e 2024, foram realizadas 12 milhões de transações, movimentando R$ 1 bilhão na economia dessas regiões.

O prefeito de Indiaroba, Marcos Sertanejo, compartilhou a experiência da implementação da moeda social digital Aratu, lançada em 2022 no sul de Sergipe. O Banco Aratu passou de 32 para mais de 350 empreendedores cadastrados e se tornou um modelo de inclusão financeira municipal.

O futuro da economia solidária

Com a retomada do Conselho Nacional de Economia Solidária e a 4ª Conferência Nacional, o Brasil vem se prepararando para consolidar um modelo econômico baseado na cooperação e no desenvolvimento territorial. A expansão dos bancos comunitários e moedas sociais demonstra que é possível democratizar o acesso ao crédito, gerar emprego e fortalecer a economia local de forma sustentável.

O desafio agora é transformar essas iniciativas em políticas permanentes, garantindo que a economia solidária seja um pilar estruturante do desenvolvimento econômico do país.