Uruguai vai sediar a abertura do Ano Internacional das Cooperativas em 2025

Evento é um marco para consolidar e ampliar o cooperativismo na América Latina

O ano de 2025 representa um marco importante para o cooperativismo global, com o Uruguai assumindo a liderança de um dos eventos mais importantes do segmento: a abertura regional do Ano Internacional das Cooperativas, anunciada pelas Nações Unidas. Segundo a Federação Uruguaia de Cooperativas de Consumo (FUCC), o evento vai ocorrer no dia 20 de fevereiro em Punta del e contará com a presença das autoridades do movimento cooperativo mundial e delegações da América. 

No evento serão apresentados diversos projetos de investigação sobre políticas públicas, novas formas de associação e novos setores de atividade e marcos legais e políticas públicas a favor do cooperativismo na região. 

A escolha do Uruguai como anfitrião do evento mundial demonstra a força e o impacto das cooperativas no país, que, nas últimas décadas, tem se firmado como um modelo de progresso econômico e social. Ao mesmo tempo, o fato fortalece e estimula o crescimento do cooperativismo na América Latina.

Panorama do cooperativismo no Uruguai e na América Latina

No Uruguai, o cooperativismo é visto como um farol para a região. O país possui uma extensa tradição cooperativa, principalmente nas áreas de consumo e crédito. Este modelo organizacional, que une pessoas com interesses semelhantes para gerir um empreendimento de maneira democrática, tem trazido resultados favoráveis em vários setores da economia. Durante uma conversa com a Rádio Uruguai, Martín Fernández, o presidente do Instituto Nacional do Cooperativismo (Inacoop), enfatizou que o aumento do emprego cooperativo no país atingiu 20% nos últimos quatro anos, correspondendo a um em cada cinco postos de trabalho gerados no setor.

“Nosso país é uma referência regional para as cooperativas”, declarou Fernández, reforçando que o sistema cooperativo no Uruguai tem desempenhado um papel fundamental na inclusão e progresso de várias áreas, desde a moradia até a infraestrutura energética. Hoje, aproximadamente 50 mil pessoas estão associadas ao sistema cooperativo de moradia no país, que também tem exercido um papel fundamental em projetos de infraestrutura elétrica e serviços municipais.

As cooperativas foram encarregadas de reformas significativas, como as realizadas no Palácio do Legislativo, em homenagem aos seus 100 anos. O êxito deste modelo no país é um reflexo da política governamental de suporte às cooperativas, que se estabeleceu como uma autêntica política de Estado no Uruguai. Tudo isso tem assegurado um cenário propício para o desenvolvimento e a disseminação do cooperativismo, um modelo que se dissemina por toda a América Latina.

A diversidade e os desafios do cooperativismo na América Latina

O cooperativismo é amplamente adotado em toda a América Latina, onde diversos países adotam este tipo de estrutura conforme suas especificações econômicas e sociais. Em nações como Argentina, Brasil, Chile e Uruguai, o cooperativismo tem demonstrado uma enorme capacidade de fomentar a inclusão social e o progresso sustentável.
Na Argentina, as cooperativas têm um papel fundamental em setores como agricultura, crédito e serviços públicos, representando uma parcela significativa da economia. No Brasil, o cooperativismo é bastante difundido, principalmente na agricultura, mas também se faz presente em setores como saúde e educação. Apesar dos desafios históricos, o Chile tem mantido o cooperativismo em atividade, concentrando-se em setores como a agricultura e o crédito. E o Uruguai, com seu robusto modelo cooperativo de consumo e crédito, mantém-se como referência para a região.

Estes países possuem um histórico extenso com o cooperativismo, frequentemente impulsionado por imigrantes europeus e por políticas do governo que promovem a estrutura cooperativa. Porém, mesmo com seu avanço, as cooperativas na América Latina ainda enfrentam obstáculos como a ausência de clareza estratégica, o declínio da sua comunidade de associados e a incapacidade de se ajustarem às novas tecnologias e práticas de mercado.

O futuro do cooperativismo: responsabilidade social e sustentabilidade

Em 2025, ao sediar o Ano Internacional das Cooperativas, o Uruguai destacará a importância das cooperativas na formação de uma economia mais sustentável e socialmente responsável. As tendências futuras para o cooperativismo incluem a ênfase na sustentabilidade, o incentivo a práticas ecológicas, a diminuição do impacto no meio ambiente, o progresso comunitário e a igualdade social.

O cooperativismo, principalmente na América Latina, tem se mostrado um meio eficiente de difundir esses princípios. As cooperativas contribuem para a diminuição da desigualdade econômica, incentivam a inclusão de mulheres e grupos à margem da sociedade e fomentam um modelo de economia mais equitativo e consciente. No Uruguai, a conexão das cooperativas com as políticas governamentais e o envolvimento direto das comunidades têm sido fundamentais para o êxito deste sistema.

Desafios e oportunidades do cooperativismo na América Latina

Embora tenha progredido, o cooperativismo na América Latina ainda enfrenta obstáculos significativos, como a ausência de uma estratégia definida para o futuro e a complexidade em se ajustar às transformações aceleradas da sociedade mundial. Especialistas afirmam que para garantir sua sustentabilidade e competitividade, as cooperativas precisam modernizar sua administração, utilizar as tecnologias emergentes e intensificar a integração entre si.

O cooperativismo tem um enorme potencial de expansão e importância, principalmente se conseguir conciliar seus princípios básicos com as demandas e expectativas das futuras gerações. O modelo uruguaio, que possui uma política pública robusta de incentivo ao cooperativismo e sua integração com os projetos de desenvolvimento local, é uma referência para outros países da região.

O Ano Internacional das Cooperativas de 2025, sediado no Uruguai, representará um marco para consolidar e ampliar o cooperativismo na América Latina e globalmente. O evento não apenas vai festejar os êxitos deste modelo de negócios, como também vai enfatizar sua relevância para a formação de uma economia mais equitativa, sustentável e inclusiva.

Com o Uruguai como modelo de êxito, o cooperativismo na América Latina possui uma chance única de se renovar e se ajustar às necessidades de um mundo em constante transformação, reforçando sua função como impulsionador do desenvolvimento e da mudança social.