Entrevista com Rose Vital, doutora em Comunicação Social e especialista em redes sociais e diálogos entre instituições e pessoas
Rose Vidal
Em tempos onde somos bombardeados por informações e as interações digitais não param de crescer, comunicar de forma eficaz virou uma necessidade para instituições que querem se conectar de verdade com seu público. Nas cooperativas de crédito esse desafio é ainda maior. É preciso criar relações de confiança e transparência, onde cada mensagem faça sentido para os cooperados e não seja apenas “mais uma” no meio de tantas outras.
Para conversar sobre o impacto da comunicação nas cooperativas e a importância de um bom processo de acolhimento ou integração (em inglês, “onboarding”), convidamos a educadora e comunicadora Rose Vidal. Mas o que é esse acolhimento? Basicamente, é o momento de recepção e orientação dos novos membros, onde eles são introduzidos à cultura, aos valores e ao funcionamento da cooperativa. Ou seja, é o primeiro passo para que eles se sintam parte da comunidade logo de cara. Quando feito de forma acolhedora, esse processo fortalece o sentimento de pertencimento e engajamento.
Rose Vidal é pós-doutora em Comunicação pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) e doutora pela Universidade Metodista de São Paulo. Com experiência em cibercultura e redes sociais, ela estuda profundamente sobre comunicação e como construir diálogos entre instituições e pessoas. Vamos ouvir o que ela tem a dizer sobre como melhorar as práticas de comunicação e acolhimento nas cooperativas.
Entrevista com Rose Vidal
Como uma comunicação eficaz pode fortalecer a relação entre a cooperativa e seus cooperados, principalmente no contexto atual?
Uma comunicação bem-feita é como uma ponte que conecta a cooperativa aos seus membros. Quando essa comunicação é transparente e constante, todo mundo se sente informado e importante. E hoje, com tanta coisa acontecendo, é essencial que a cooperativa saiba filtrar e passar o que realmente interessa, de um jeito simples e direto. Isso evita mal-entendidos e reforça a confiança. Além disso, é importante usar redes sociais e outras plataformas digitais para manter essa troca sempre viva e próxima.
De que forma um acolhimento bem planejado ajuda no sentimento de pertencimento dos novos cooperados e na construção da cultura cooperativista?
O acolhimento é como o primeiro abraço que a cooperativa dá no novo membro. Se for bem feito, ele apresenta tudo sobre a cultura cooperativista de um jeito acolhedor, mostrando os valores e como as coisas funcionam. Isso ajuda o novo cooperado a entender seu papel e a se sentir parte do time logo de cara. Além disso, quando o processo inclui interações com outros cooperados e atividades colaborativas, a sensação de união e cooperação só cresce. E isso é a alma do cooperativismo.
Como as assembleias digitais e híbridas mudaram a participação dos cooperados na pandemia e depois?
As assembleias híbridas e digitais foram uma revolução no cooperativismo. Durante a pandemia, elas mantiveram os cooperados conectados, mesmo à distância. E o sucesso foi tanto que muitas cooperativas seguiram com esse formato. Isso deu mais acesso para gente de diferentes regiões, que antes não conseguia participar por conta do tempo ou distância. Com isso, o engajamento cresceu, já que mais pessoas puderam dar sua opinião e participar das decisões da cooperativa.
Qual é o papel das redes sociais na construção de uma identidade forte para a cooperativa e no envolvimento dos cooperados mais jovens?
As redes sociais são essenciais para falar com as novas gerações, que já nasceram nesse mundo digital. Elas permitem que a cooperativa mostre quem é de forma simples e dinâmica, o que atrai e envolve os mais jovens. Além disso, as redes sociais facilitam o diálogo rápido, algo que essa geração valoriza muito. Essa troca constante fortalece a identidade da cooperativa e cria um laço mais forte com os cooperados.
Quais estratégias você sugere para garantir que a comunicação seja inclusiva e acessível a todos?
Incluir todo mundo é fundamental. Para isso, é legal usar vários canais, tanto digitais quanto físicos, para que todos tenham acesso à informação. A linguagem também tem que ser simples, sem usar termos técnicos complicados. Outra coisa importante é garantir que os materiais sejam acessíveis, com legendas, transcrições e áudios para quem tem alguma dificuldade. Isso faz toda a diferença para que todos se sintam parte do cooperativismo.
Qual a importância do retorno, da resposta dos cooperados para o crescimento da cooperativa?
Ele é fundamental. Quando o cooperado vê que sua opinião é ouvida, ele se sente mais envolvido. Isso cria um ciclo de melhoria contínua, onde a cooperativa ajusta suas práticas conforme as necessidades de quem faz parte dela. Esse ciclo fortalece o cooperativismo, promovendo uma cultura de participação e evolução constante. Afinal, a cooperativa é de todos, e o retorno, a resposta, ajudam a construir um futuro mais forte e unido.